Apesar de milhões de condutores de carros com caixas de velocidades automáticas usufruirem diariamente das funções desempenhadas pelo conversor de torque, são poucos os que sabem o que é ou como funciona este dispositivo.
Mas afinal, o que é o conversor de torque? Trata-se basicamente de uma transmissão hidráulica. Serve, como tal, para transmitir energia rotacional do motor para a caixa de velocidades por meios hidrodinâmicos.
Para que serve o conversor de torque?
Este dispositivo desempenha duas funções. Por um lado, permite cessar a transmissão de força entre o motor e a caixa de velocidades quando o carro está parado ou é travado, tendo uma função comparável à de uma embraiagem de discos em estado desacoplado. Por outro lado, este dispositivo permite multiplicar o binário a baixas rotações do motor, facilitando assim o arranque do veículo.
Componentes do dispositivo

O conversor de torque ou de binário hidrodinâmico apresenta geralmente uma forma de disco convexo largo, integrando no seu interior componentes metálicos e fluido hidráulico. Trata-se de um dispositivo fechado, que se localiza entre o volante do motor e a caixa de velocidades, sobre o mesmo eixo geométrico destes. Independentemente do fabricante, estes dispositivos apresentam um princípio de construção semelhante, sendo basicamente compostos pelos seguintes componentes:
Princípio de transmissão hidrodinâmica de forças
O binário do motor é transmitido à carcaça do conversor e, consequentemente, à bomba centrífuga, que gira com o mesmo número de rotações do motor. Quando o componente entra em rotação, o fluido hidráulico no seu interior fica sujeito a uma força centrífuga e é pressionado do centro para o exterior. A energia mecânica do motor é convertida em energia de fluxo.
A turbina, que tem câmaras contíguas à bomba centrífuga, recebe a energia de fluxo do fluido em movimento. Esta energia induz uma rotação da turbina e é assim de novo convertida em energia mecânica, a qual é transmitida à caixa de velocidades por meio de um veio.
O estator do conversor recebe o fluxo de fluido que advém da turbina. É esta peça que permite a conversão de torque na ordem de 1:1,8 a 1:2,5 durante a fase de aceleração do veículo. O fator de multiplicação dependerá da diferença de velocidade de rotação entre a bomba centrífuga e a turbina e de aspetos de design. A multiplicação de torque é comparativamente elevada quando a diferença de velocidade de rotação entre a turbina e a bomba centrífuga é alta.
Fases de funcionamento
O funcionamento do dispositivo pode ser basicamente subdividido em duas fases. Estas distinguem-se em termos de velocidade de rotação dos componentes e do binário gerado:
- Aceleração do veículo. Nesta fase é necessário um torque alto para deslocar o veículo. A bomba centrífuga gira com a mesma velocidade de rotação do motor, enquanto que a velocidade de rotação da turbina é menor e aumenta gradualmente.
O fluxo do fluido da turbina para o estator é axial nesta situação. Devido à configuração e à forma das pás do estator, o fluxo de fluido tenta induzir no estator uma rotação contrária à da turbina. Contudo, esta rotação é impedida pelo acoplamento de roda livre do estator, que apenas permite uma rotação do componente no sentido oposto. A forma das pás do estator redireciona o fluxo de maneira a que este passe a ter a direção de rotação da bomba centrífuga. Isto gera um torque acrescido nas pás deste componente. O aumento gradual de torque é, por seu lado, transmitido à roda de turbina.
O aumento gradual da velocidade de rotação da turbina provoca que a direção do fluido transmitido ao estator passe a ser oblíqua. Isto induz no estator um movimento no sentido de rotação da turbina, a multiplicação de torque reduz-se correspondentemente.
No final da fase de aceleração, a roda de turbina gira com cerca de 90 % da velocidade de rotação da bomba centrífuga e a multiplicação de torque cessa. A diferença de velocidade de rotação entre os componentes é devida ao deslize do fluido.
- Fase de acoplamento. Nesta fase já não é necessária uma multiplicação do binário, o veículo está em movimento. Procura-se então melhorar a eficiência da transmissão de energia de motor para a caixa de velocidades. Isto é conseguido por meio de um acoplamento mecânico das coroas dentadas da roda de turbina e da carcaça do conversor. Assim evita-se que seja gerado calor de atrito no fluido e aumenta-se a eficiência de transmissão de energia para cerca de 100 %.
Avarias e sintomas de defeito no conversor de torque

Determinados comportamentos de condução podem esforçar o dispositivo excessivamente e provocar danos neste. Entre as situações de avaria típicas incluem-se:
Comentários – 1
Bom dia, tenho um range velar diesel 3.0 de 300 cv.
No por a trabalhar a frio ouço barulho metálico bem audível fora da viatura muito perto do conversor, com o estetoscópio. ( +- 4 segundos )
depois de andar e a quente (circular) ouço um estrilhar metálico, perto do conversor.
Será algum problema ?
Paulo