Funcionamento do conversor de torque: sintomas de avaria

Funcionamento do conversor de torque

Apesar de milhões de condutores de carros com caixas de velocidades automáticas usufruirem diariamente das funções desempenhadas pelo conversor de torque, são poucos os que sabem o que é ou como funciona este dispositivo. 

Mas afinal, o que é o conversor de torque? Trata-se basicamente de uma transmissão hidráulica. Serve, como tal, para transmitir energia rotacional do motor para a caixa de velocidades por meios hidrodinâmicos.

Para que serve o conversor de torque?

Este dispositivo desempenha duas funções. Por um lado, permite cessar a transmissão de força entre o motor e a caixa de velocidades quando o carro está parado ou é travado, tendo uma função comparável à de uma embraiagem de discos em estado desacoplado. Por outro lado, este dispositivo permite multiplicar o binário a baixas rotações do motor, facilitando assim o arranque do veículo.

Componentes do dispositivo

Para que serve o conversor de torque?

O conversor de torque ou de binário hidrodinâmico apresenta geralmente uma forma de disco convexo largo, integrando no seu interior componentes metálicos e fluido hidráulico. Trata-se de um dispositivo fechado, que se localiza entre o volante do motor e a caixa de velocidades, sobre o mesmo eixo geométrico destes. Independentemente do fabricante, estes dispositivos apresentam um princípio de construção semelhante, sendo basicamente compostos pelos seguintes componentes:

  • Carcaça do conversor de binário. Esta abarca os componentes do dispositivo. A carcaça é solidária com o volante do motor e a bomba centrífuga, que se encontra no seu interior. Dispõe de uma coroa dentada na sua circunferência.
  • Bomba centrífuga do conversor de binário. Trata-se de uma roda que dispõe de várias pás curvadas e está imersa em fluido hidráulico. A bomba é solidária com a carcaça do conversor e, através desta, com o volante do motor. Este componente impulsiona o fluido hidráulico. 
  • Roda de turbina do conversor de binário e o seu mancal. Trata-se de uma roda com pás curvadas. Encontra-se no interior da carcaça e está imersa em fluido hidráulico. É  contígua à bomba centrífuga e solidária com a caixa de velocidades por meio de um veio. A turbina está montada sobre um mancal. Recebe o fluido da bomba centrífuga. Dispõe de uma coroa dentada na sua circunferência.
  • Estator do conversor de binário. Este componente encontra-se no centro do conversor de binário, entre a bomba e a turbina. Trata-se de uma roda com pás curvadas a 90º, que estão imersas em fluido hidráulico. O componente está montado sobre um acoplamento de roda livre, o qual permite a sua rotação apenas num sentido. Recebe o fluido da roda de turbina e transmite-o de novo à bomba centrífuga, fechando o ciclo hidrodinâmico.
  • Embraiagem do conversor de binário com amortecedor de torção. Permite o acoplamento mecânico das coroas dentadas da carcaça e da turbina. Quando os componentes estão acoplados, a transmissão de força do motor para a caixa de velocidades deixa de ocorrer de forma hidrodinâmica e passa a ser meramente mecânica. Os amortecedores de torção são molas que atenuam os impulsos do motor nesta forma de transmissão.

Princípio de transmissão hidrodinâmica de forças

O binário do motor é transmitido à carcaça do conversor e, consequentemente, à bomba centrífuga, que gira com o mesmo número de rotações do motor. Quando o componente entra em rotação, o fluido hidráulico no seu interior fica sujeito a uma força centrífuga e é pressionado do centro para o exterior. A energia mecânica do motor é convertida em energia de fluxo. 

A turbina, que tem câmaras contíguas à bomba centrífuga, recebe a energia de fluxo do fluido em movimento. Esta energia induz uma rotação da turbina e é assim de novo convertida em energia mecânica, a qual é transmitida à caixa de velocidades por meio de um veio.

O estator do conversor recebe o fluxo de fluido que advém da turbina. É esta peça que permite a conversão de torque na ordem de 1:1,8 a 1:2,5 durante a fase de aceleração do veículo. O fator de multiplicação dependerá da diferença de velocidade de rotação entre a bomba centrífuga e a turbina e de aspetos de design. A multiplicação de torque é comparativamente elevada quando a diferença de velocidade de rotação entre a turbina e a bomba centrífuga é alta.

Fases de funcionamento

O funcionamento do dispositivo pode ser basicamente subdividido em duas fases. Estas distinguem-se em termos de velocidade de rotação dos componentes e do binário gerado:

  • Aceleração do veículo. Nesta fase é necessário um torque alto para deslocar o veículo. A bomba centrífuga gira com a mesma velocidade de rotação do motor, enquanto que a velocidade de rotação da turbina é menor e aumenta gradualmente. 

O fluxo do fluido da turbina para o estator é axial nesta situação. Devido à configuração e à forma das pás do estator, o fluxo de fluido tenta induzir no estator uma rotação contrária à da turbina. Contudo, esta rotação é impedida pelo acoplamento de roda livre do estator, que apenas permite uma rotação do componente no sentido oposto. A forma das pás do estator redireciona o fluxo de maneira a que este passe a ter a direção de rotação da bomba centrífuga. Isto gera um torque acrescido nas pás deste componente. O aumento gradual de torque é, por seu lado, transmitido à roda de turbina. 

O aumento gradual da velocidade de rotação da turbina provoca que a direção do fluido transmitido ao estator passe a ser oblíqua. Isto induz no estator um movimento no sentido de rotação da turbina, a multiplicação de torque reduz-se correspondentemente. 

No final da fase de aceleração, a roda de turbina gira com cerca de 90 % da velocidade de rotação da bomba centrífuga e a multiplicação de torque cessa. A diferença de velocidade de rotação entre os componentes é devida ao deslize do fluido.

  • Fase de acoplamento. Nesta fase já não é necessária uma multiplicação do binário, o veículo está em movimento. Procura-se então melhorar a eficiência da transmissão de energia de motor para a caixa de velocidades. Isto é conseguido por meio de um acoplamento mecânico das coroas dentadas da roda de turbina e da carcaça do conversor. Assim evita-se que seja gerado calor de atrito no fluido e aumenta-se a eficiência de transmissão de energia para cerca de 100 %.

Avarias e sintomas de defeito no conversor de torque

Avarias e sintomas de defeito no conversor de torque

Determinados comportamentos de condução podem esforçar o dispositivo excessivamente e provocar danos neste. Entre as situações de avaria típicas incluem-se:

  • ! Derretimento de vedantes. Um deslize continuado do conversor de torque leva a atrito do fluido hidráulico e provoca calor elevado no interior do dispositivo. Se a capacidade de dissipação de calor do dispositivo não for suficiente, isto poderá provocar o derretimento de vedantes, provocando um vazamento de fluido.
  • ! Deformação ou quebra de pás da bomba ou da turbina. Acelerações abruptas e sobreaquecimento do dispositivo podem fissurar, deformar ou quebrar pás dos componentes. A eficiência do dispositivo decresce e o risco de uma destruição total aumenta.
  • ! Rutura da carcaça. A sobrecarga prolongada do dispositivo pode provocar o sobreaquecimento do fluido hidráulico. A pressão interna pode provocar uma deformação ou rutura da carcaça, levando a vazamento de fluido.
  • ! Gripagem da roda livre do estator. Acelerações abruptas e repetidas podem provocar que este componente perca a sua função e bloqueie. Neste caso, o estator não gira em conjunto com a turbina após a fase de aceleração do veículo. Isto provoca uma descida considerável da eficiência do dispositivo. O consumo de combustível aumenta.
  • ! Quebra da roda livre do estator. Quando sujeito a esforços severos, este componente pode ficar danificado. Neste caso o estator passa a poder rodar em sentido oposto à turbina durante a aceleração do veículo. A conversão de torque ficará comprometida.

Comentários – 6

  • @user_328213
    26.02.2023 13:14
    Membro

    Bom dia, tenho um range velar diesel 3.0 de 300 cv.
    No por a trabalhar a frio ouço barulho metálico bem audível fora da viatura muito perto do conversor, com o estetoscópio. ( +- 4 segundos )
    depois de andar e a quente (circular) ouço um estrilhar metálico, perto do conversor.
    Será algum problema ?
    Paulo

    • @W.
      03.04.2023 19:50
      Membro

      Não consigo sugerir o que pode ser, mas tenho certeza de que você precisa prestar atenção a várias batidas e sons, isso pode ser um problema.

  • @user_372552
    25.05.2023 09:08
    Membro

    No meu caso tenho um Peugeot 208 que quando eu coloco no drive e fico com o pé no freio , meio que ele vibra querendo sair , o mecânico falou que pode ser o conversor de torque e isso mesmo ?

    • @João da Silva
      02.10.2023 04:54
      Membro

      Com base na descrição é difícil aconselhar qualquer coisa, pode haver algum problema nos discos de freio e eles precisam ser substituídos, recomendamos entrar em contato com um centro de serviço profissional mecânica. Cumprimentos AUTODOC

  • @user_464902
    11.07.2023 00:24
    Membro

    Tenho um toro diesel 4x4 que no automático ela da um som de arranhão e para. Quando menos se espera ela emite outro som e, dependendo da velocidade pode ser alto ou baixo. Nao da solavancos, nao perde força. Porem quando troco as marchas nas aletas, modo manual ela nao da o som.

    • @João da Silva
      02.10.2023 04:50
      Membro

      É difícil dizer qualquer coisa sem um diagnóstico adequado; recomendamos entrar em contato com um centro de serviço profissional mecânica. Cumprimentos AUTODOC

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