A manutenção dos componentes do sistema de travagem é fulcral. Além de uma verificação recorrente do estado e do funcionamento do sistema, é necessário substituir regularmente componentes de desgaste como o fluido dos travões.
O sistema de travagem em motociclos
O sistema de travagem é indispensável para a segurança de condução. Normalmente motociclos dispõem de travões de disco, o sistema é basicamente composto por uma manete e um pedal de travão, cilindros mestres, reservatórios e tubos, pinças, êmbolos, pastilhas e discos de travão, bem como pelo líquido dos travões.
Este sistema permite uma travagem da roda dianteira ou traseira, de modo a que o motociclo possa ser desacelerado seguramente de acordo com diferentes situações de condução. A travagem é induzida por meio do pressionamento da manete ou do pedal do travão. Nesse momento, é exercida pressão sobre um fluido. Essa pressão provoca um deslocamento dos êmbolos nas respetivas pinças do travão, o que provoca contacto e atrito entre as pastilhas e o disco. Sendo o disco solidário com a roda, a travagem do disco implica a travagem da roda adjacente.
Há vários desenvolvimentos que melhoraram o desempenho do sistema de travagem. Destacam-se, por exemplo, o sistema de antibloqueio de rodas (ABS) ou o design de flutuação de discos, o qual assegura uma melhor centragem destes e evita o empenamento dos mesmos.
A função e as características de fluidos de travões
Este líquido à base de poliglicol é usado em sistemas hidráulicos de travagem. Trata-se de um fluido nocivo para a saúde. A padronização deste componente é feita de acordo com os requisitos mínimos definidos pelo departamento de transportes dos Estados Unidos (DOT). É determinado o ponto de ebulição do líquido, bem como o ponto de ebulição de uma mistura do líquido com 3,5% de água. Além disso, são determinadas as viscosidades a quente (100 ºC) e a frio (-40 ºC).
O líquido dos travões não é compressível e absorve água, isto é, é higroscópico. A higroscopia destes fluidos assegura que a água que entra no sistema de travagem é dissolvida no mesmo, o que previne a formação de gotas. Água acumulada pode provocar corrosão e falhas do sistema.
A absorção de demasiada água e em particular a formação de gotas no sistema de travagem é problemático. A corrosão de componentes leva a uma deterioração do sistema e é custosa. O congelamento de gotas, por seu lado, pode comprometer o funcionamento do sistema. Além disso, aquando de altas temperaturas a água acumulada no sistema entra em ebulição e forma vapor, o qual é compressível. Nestas circunstâncias, o pressionamento do pedal ou da manete dos travões comprime o vapor de água, em vez de provocar um movimento das pastilhas do travão, não ocorrendo uma travagem. O risco de falha é alto a partir do momento em que o fluido apresenta uma concentração de água acima de cerca de 3%.
Que requisitos deve o fluido satisfazer?
Deve haver no sistema de travagem uma quantidade suficiente de líquido e este deve estar em boas condições. O seu envelhecimento torna-se evidente através da alteração da sua cor. Quando novo e dependendo do tipo e do fabricante, o líquido apresenta uma cor azul clara, vermelho clara ou creme. O envelhecimento leva a que se torne acinzentado ou mesmo negro. Além disso, a sensação na manete e no pedal pode tornar-se esponjosa com o envelhecimento do fluido, o curso da manete ou do pedal pode aumentar. A concentração de água no líquido pode ser testada por meio de um dispositivo indicado.
A qualidade e em particular o nível do fluido devem ser verificados regularmente. Isto pode ser feito por meio de uma verificação visual. O indicador do nível apresenta as marcações “MIN” e “MAX”, a tona do fluido deve encontrar-se entre estas. A falta de fluido pode comprometer a travagem, o excesso pode provocar uma travagem indesejada.
Regra geral, este componente deve ser substituído a cada dois anos. Uma maior frequência de uso do veículo pode tornar necessária uma substituição anual.
Quais os fluidos indicados?
Há diferentes especificações de fluidos dos travões. Em motas é habitual o uso de líquidos da categoria DOT 3 ou DOT 4. Este componente é produzido por uma variedade de fabricantes. A gama de preços vai de cerca de 4 euros por litro até 11 euros por litro. O preço por litro torna-se por norma mais competitivo quando é comprado um volume maior.
Quais os melhores fluidos de travões?
Destacam-se aqui os líquidos DOT 4 da ATE e da KROON, disponíveis por um valor de cerca de 10,64 €/l e 6,8 €/l respetivamente. O fluido da ATE destaca-se pela sua alta qualidade. Dispõe de aditivos de topo que protegem particularmente o sistema de travagem de corrosão e melhoram a sua durabilidade, superando as exigências legais no que respeita pontos de ebulição e viscosidade. Por seu lado, o líquido da linha KROON DRAULIQUID-S destaca-se pela sua ótima relação qualidade preço. Cumpre com todos os requisitos necessários e está à venda por um preço competitivo.
Como substituir o fluido dos travões em motos?
O procedimento abaixo é de cariz geral e deve ser entendido como uma abordagem preliminar. Antes da substituição do líquido recomenda-se uma leitura atenta dos parágrafos relevantes do manual do proprietário do veículo e da ficha técnica do fluido dos travões. Os sistemas de travagem podem ter características diferentes pelo que se recomenda uma familiarização com o sistema antes de se levar a cabo este procedimento. Em caso de dúvida, consulte um mecânico especializado.
Algumas considerações gerais: A substituição do fluido pode passar pelos seguintes passos:- Estacionar o veículo num local horizontal e seguro.
- Preparar os materiais e as ferramentas necessárias para levar a cabo a substituição.
- Colocar equipamento de proteção, como óculos, luvas e uma máscara.
- Desenroscar a tampa do reservatório do líquido dos travões.
- Extrair o líquido usado por meio de uma bomba.
- Limpar o reservatório.
- Encher com fluido novo.
- Colocar um tubo sobre a válvula de purga junto da manete.
- Colocar a outra ponta do tubo num recipiente com líquido dos travões novo, cujo nível se encontre acima da válvula. Manter este nível constantemente acima da válvula.
- Adicionar mais líquido novo ao reservatório e tapá-lo com um pano para evitar salpicos.
- Pressionar algumas vezes a manete do travão vagarosamente até se sentir resistência.
- Abrir um pouco a válvula de purga de ar junto da manete.
- Pressionar a manete até ao fim do curso e fechar a válvula.
- Soltar a manete com calma, pressioná-la de novo algumas vezes, mantê-la pressionada e abrir e fechar a válvula de purga.
- Repetir o procedimento até que apenas saia fluido do tubo.
- Depois, repetindo os passos anteriores, convém purgar a tubagem pela válvula de purga que está junto das pinças frontais.
- Posteriormente é feito uma purga final através da válvula junto da manete.
- A purga do travão traseiro é apenas feita na pinça do travão, posto que habitualmente não há uma válvula de purga junto do pedal do travão.
- A substância usada deve ser eliminada devidamente.
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