- 1 O conta-quilómetros automóvel
- 2 Quais os motivos para a redução da quilometragem?
- 3 Quais os métodos utilizados para manipular o conta-quilómetros?
- 4 Quais as consequências da manipulação do hodómetro?
- 5 Como saber se a quilometragem do veículo foi alterada?
- 6 Quais as soluções propostas para dificultar a manipulação?
A quilometragem de um veículo é um aspeto importante para determinar o seu valor. Contudo, atualmente a sua manipulação é relativamente fácil e comum. A diminuição da quilometragem provoca prejuízos consideráveis para os consumidores no mercado automóvel. Saber determinar os indícios de uma manipulação pode ser uma competência útil para quem quer adquirir um carro usado. Continue a ler, se quiser conhecer alguns indícios que indicam se os kms do veículo foram alterados.
O conta-quilómetros automóvel
O conta-quilómetros ou hodómetro automóvel tem a função de medir e registar a distância percorrida pelo veículo em que está integrado. O aparelho é usado para mensurar distâncias parciais e totais. Os primeiros conta-quilómetros funcionavam por meio de um sistema de medição e registo mecânico, sistemas modernos são digitais
Quais os motivos para a redução da quilometragem?
A quilometragem de um automóvel dá indicação do nível de desgaste do mesmo. O valor tabelado de um veículo usado depende também da sua quilometragem. O valor tende a ser menor, quanto maior tiver sido a distância percorrida pelo veículo.
Uma redução da quilometragem aumenta aparentemente o valor do veículo, o que leva a um preço de revenda tendencialmente mais elevado. Consoante a categoria e a idade do veículo, a manipulação do conta-quilómetros pode aumentar o valor monetário aparente em vários milhares de euros.
Contudo, a alteração da quilometragem é também comum com o fim de burlar fabricantes de automóveis relativamente a prestações de garantia. Além do mais, empresas que oferecem contratos de leasing também se podem ver burladas. Nesta situação, o objetivo do burlão é evitar pagamentos que dependem do número de quilómetros percorridos.
Quais os métodos utilizados para manipular o conta-quilómetros?
Se em modelos automóveis antigos a manipulação do conta-quilómetros mecânico era trabalhosa e feita por sujeitos com conhecimentos mecânicos, hoje em dia, ironicamente, a manipulação burlosa de conta-quilómetros digitais tornou-se mais fácil. Na Alemanha, por exemplo, um país conhecido pela sua produção automóvel, estima-se que um terço dos veículos usados no mercado tenha sido manipulado e que os prejuízos atinjam anualmente cerca de seis mil milhões de euros.
Na maioria dos modelos automóveis disponíveis, basta ligar à tomada OBD2 um dispositivo eletrónico com software indicado para levar a cabo uma manipulação. Estes dispositivos são facilmente encomendados através da internet e, frequentemente, até um leigo é capaz de os usar. Além do mais, há empresas que oferecem estes serviços duvidosos.
Constatou-se que a manipulação do hodómetro é feita de duas formas. Pontualmente, antes da revenda de um automóvel usado, e por sistema, durante o uso do automóvel.
A manipulação sistemática é particularmente difícil de averiguar quando é feita recorrentemente. A quilometragem manipulada pode então vir a ser registada por entidades independentes como sendo verdadeira, por exemplo, por centros de inspeções. Isto confere um cariz de validade à quilometragem manipulada e encobre consideravelmente a manipulação.
Quais as consequências da manipulação do hodómetro?
A consequência deste comportamento fraudulento é o prejuízo económico dos lesados, em particular de compradores de carros em segunda mão, dos fabricantes automóveis e de empresas de leasing.
Os compradores de carros usados que se tornam vítimas desta fraude não só pagam um valor mais elevado do que deviam pelo automóvel adquirido, além disso, correm um maior risco de terem prejuízos devido a avarias. As manutenções de rotina como, por exemplo, mudanças de óleo são normalmente determinadas com base nos quilómetros percorridos. Se o valor registado no hodómetro não for preciso, não há forma de levar a cabo as manutenções atempadamente. No pior dos casos, podem ocorrer danos severos, por exemplo, se a correia de distribuição se partir por não ter sido substituída a tempo. Avarias desta natureza levam a um prejuízo ainda maior para o comprador.
Como saber se a quilometragem do veículo foi alterada?
Regra geral, quando uma manipulação burlosa do conta-quilómetros é levada a cabo por um especialista, rastreá-la torna-se bastante difícil. Isto, porque simplesmente deixa de haver forma de provar que ocorreu uma manipulação. Ainda assim, há alguns indícios que podem ajudar a desvendar a burla.
A maneira mais fácil de se saber se a quilometragem é original, é por meio de comparação do valor registado no conta-quilómetros, com o que está registado em determinados documentos. Se a correspondência entre o valor do hodómetro e os registos aquando da inspeção periódica, em etiquetas de mudança de óleo, em faturas de oficinas ou em registos de manutenção não for plausível, isto é motivo para desconfiança. É possível adquirir um registo das inspeções feitas a um veículo através do IMT.
Indícios de uma manipulação podem também tornar-se evidentes devido ao desgaste de componentes. Um desgaste do volante, de pedais, da alavanca das velocidades, dos cintos de segurança, etc. que não corresponda à quilometragem também deve despertar a atenção de qualquer comprador. Contudo, há que ter em conta que determinados componentes são facilmente substituíveis, o que pode induzir em erro.
Outra possibilidade é a tentativa de contacto com os proprietários anteriores, para confirmar as afirmações do vendedor. Ainda assim, há que ter em atenção que as informações de proprietários anteriores não tem necessáriamente de ser fidedignas.
Em caso de dúvida, pode fazer sentido consultar uma oficina especializada. Dependendo do modelo automóvel, a quilometragem pode estar registada em várias unidades eletrónicas. Um perito poderá verificar, por exemplo, o valor registado na memória de erros ou na memória dos intervalos de manutenção do carro. Além disso, o perito poderá verificar o estado geral do veículo, por exemplo, a presença de corrosão, o desgaste de sinoblocos, do condensador do ar condicionado etc. e dar a sua avaliação de plausibilidade da quilometragem tendo em conta estes aspetos.
Quais as soluções propostas para dificultar a manipulação?
Em 2017 a UE adotou um regulamento relativo à proteção contra a manipulação de conta-quilómetros. Este obriga os fabricantes de automóveis a proteger sistematicamente os conta-quilómetros automóveis contra manipulação. Contudo, peritos afirmam que atualmente ainda há muitas lacunas por fechar.
Uma das possibilidades propostas para resolver o problema é a transmissão automática e regular da quilometragem ao fabricante automóvel através do cartão SIM, do qual já muitos veículos dispõem de fábrica. Mas isto deverá sempre pressupor que a alteração da quilometragem é dificultada de maneira a que não sejam transmitidos valores errados.
Uma possibilidade é dificultar a manipulação ao ponto que deixe de ser rentável. O uso de chips eletrónicos seguros com recurso à tecnologia HSM (Hardware Secure Module) já é comum para certas aplicações em carros e a sua aplicação a hodómetros para registo fidedigno da quilometragem poderá contribuir para uma melhoria da situação.
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